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Paraíso das Águas,12/12/2024

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Arroba vai a R$ 300 e carne bovina deve ficar mais cara ao consumidor

Preços pagos aos produtores do Estado aumentaram 42% em quatro meses; representantes do setor apontam tendência de elevação tanto na ponta inicial quanto no fim da cadeia produtiva até o fim do ano


Arroba vai a R$ 300 e carne bovina deve ficar mais cara ao consumidor

Após enfrentar uma queda na oferta de animais disponíveis, em decorrência da estiagem, o mercado do boi em Mato Grosso do Sul registra reação nos preços pagos ao produtor. Conforme os dados da Granos Corretora, o valor negociação chegou próximo a R$ 300 no mercado físico do Estado. A alta no valor da arroba também deve impactar os preços da carne bovina para o consumidor final. 

O boi gordo acumula valorização de 42% no preço da arroba no intervalo de quatro meses, em 18 de junho a arroba estava cotada a R$ 208, e chegou aos R$ 295,50 na sexta-feira (18), ou seja, valorização de R$ 87,50. Ontem a arroba fechou cotada a R$ 293,04 no mercado físico de Mato Grosso do Sul, considerando os preços livres de Funrural.

O economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG), Staney Barbosa Melo, aponta que com a escassez de oferta de animais, os frigoríficos enfrentam dificuldades para avançar suas escalas de abate. “Essa situação resultou em um mercado inflacionado, onde os preços elevados refletem a falta”, explica.

O economista reitera que de julho para outubro o mercado do boi gordo tem apresentado condições de preços mais atrativos para o produtor rural. “Colocando em números, no início de julho os preços do boi gordo no Estado giravam em torno de R$ 215”, analisa.

Neste mesmo período Melo destaca que as escalas de abate superavam 12 dias de atividade, mas que já vinham apresentando sinais de regressão em função dos recuos na oferta de animais terminados. “Conforme essa escassez de oferta se intensificou, acompanhamos sucessivas altas nesse mercado, atingindo os atuais R$ 295,50 uma alta expressiva nos preços pagos ao produtor”.

Para o economista, o marco estabelece uma nova conjuntura para o mercado do boi gordo em Mato Grosso do Sul. Segundo ele a oferta menor de animais e preços mais altos na ponta de insumos, devem cooperar para altas sequenciais de preços ao consumidor, pelo menos no curto e médio prazos.

O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Guilherme Bumlai, ressalta que desde o início deste semestre já havia a expectativa de recuperação do preço da arroba do boi gordo nas principais praças do País. 

“No início da seca o movimento de baixa foi ocasionado pelo excesso de oferta de gado gordo aos frigoríficos, mas desde agosto, iniciou-se uma redução na oferta de gado terminado para os frigoríficos, que começaram a trabalhar com escalas cada vez mais curtas. Além disso, também houve sensível aumento nas exportações de carne pelo Brasil, alcançando novos e maiores mercados”, enfatiza.

Hoje, a arroba do boi gordo negociada em Mato Grosso do Sul, a exemplo de outros estados, já rompeu a casa dos R$ 300,00 (com Funrural), puxando também a valorização de outras categorias. De 2023 para 2024, a arroba do boi está 19,1% mais valorizada e a arroba da vaca 19,5% superior. Tendo a China como principal destino, os abates para exportação de Mato Grosso do Sul, de janeiro a setembro deste ano, cresceram pelo menos 20%.

Segundo os representantes do setor, o futuro da arroba do boi gordo é bastante promissor. Indicadores apontam para arroba do boi negociada na casa dos R$ 310,00 para outubro ainda, uma expectativa que deve se sustentar por pelo menos até o final do ano, quando o consumo de carne bovina no mercado doméstico cresce um pouco mais, em função das festividades natalinas.

CONSUMIDOR

Na outra ponta, a do consumidor final, a expectativa é de um aumento ainda maior nos preços da carne bovina. Conforme já noticiado pelo Correio do Estado, o quilo da carne vermelha de primeira subiu 4,20% até setembro deste ano. 

Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontam que o quilo da carne vermelha que tinha um custo de R$ 34,28 em setembro do ano passado chegou a R$ 35,72 em setembro deste ano.

Considerando a inflação oficial do País, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em Campo Grande cortes como a paleta bovina já acumulam alta de 9,61% este ano. O coxão mole acumula alta de 4,85% de janeiro a setembro de 2024. 

Melo detalha que quando a demanda de um produto é maior do que a oferta, naturalmente, os preços sobem. “Esse desequilíbrio ocorre pela conjunção de fatores como a melhora do poder de compra do brasileiro, a falta de oferta de alimentos e claro, as questões climáticas”.

Ele ainda complementa explicando que quando o clima colabora, a produção de alimentos tem um salto de produtividade que reduz, em termos relativos, os custos de produção, fazendo com que o produtor consiga levar o produto mais barato ao mercado e não precise repassar para os preços os seus custos. 

“No caso da carne bovina, por se tratar de uma produção de ciclo alongado, os estoques de animais oriundos da retenção de fêmeas entre os anos de 2020 e 2022 foram suficientes para impedir uma elevação agressiva nos preços da carne bovina em 2023 e 2024, ainda que os problemas de clima tenham também afetado o elo pecuário o impacto ainda é razoável, como pode ser observado ao longo dos 12 meses considerados”, ressalta o economista do SRCG.

Demonstrando a força da atividade de pecuária no Estado, mesmo diante de desafios e prejuízos para o setor nos últimos anos o rebanho bovino de Mato Grosso do Sul apresentou expansão em 2023.

Conforme publicado pelo Correio do Estado no mês passado, após seis anos em queda, foi identificado uma leve alta de 2,5% no plantel de gado, saindo de 18,433 milhões em 2022 para 18,891 milhões no ano passado. É o que indicam os dados da Pesquisa da Pecuária Municipal realizada pelo IBGE.

Nos últimos anos, o Estado registrou a redução gradual do quantitativo de bovinos, saindo de 21,800 milhões em 2016 para 21,474 milhões em 2017. Em 2018, o total aferido chegou a 20,896 milhões, reduzindo para 19,407 milhões em 2019; para 19,027 milhões em 2020; no ano de 2021 chegou a 18,608 milhões; foi a 18,433 milhões em 2022 e no ano passado subiu a 18,891 milhões.

“A estimativa reverteu a retração iniciada em 2017 e coloca o estado na mesma direção que a produção nacional, que vem crescendo desde 2019, e que atingiu 238,6 milhões de cabeças em 2023, marca que representa um acréscimo de 1,6% em relação ao ano anterior. Essa estimativa representou também o maior valor da série histórica da pesquisa”, esclarece o IBGE em nota.

Ao longo de dua décadas, MS registrou o encolhimento de 24,37% do seu rebanho bovino ou de 6,90 milhões de cabeças de gado. Em 2003, o Estado liderava com o maior do Brasil, com 24,980 milhões de cabeças de gado, enquanto no ano passado manteve-se como o quinto maior produtor com os atuais 18,891 milhões. 

Fonte: MS News





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