Caso raro: professora de educação física sofre AVC durante aula em academia
Samu foi acionado e professora levada às pressas para Santa Casa, onde passou por cirurgia

Jovem, adepta de exercícios físicos e sem histórico de comorbidade. Esta é a descrição da professora de educação física, de 34 anos, que sofreu um AVC (acidente vascular cerebral), na última segunda-feira (7), durante aula de exercícios aeróbicos, em uma academia de Campo Grande.
Testemunhas disseram à reportagem que a professora de educação física parecia estar bem, até o momento em que sofreu o AVC. “Estamos chocados, porque ela deu aula normalmente no primeiro tempo, mas, no segundo tempo, do nada teve o AVC. A gente não entende até agora o porquê. Ela é uma pessoa ativa, não é sedentária, é nova, não tem diabetes, colesterol, nada”, relata uma aluna, que preferiu não se identificar.
Conforme relatos, a vítima foi socorrida por uma equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e levada às pressas para a Santa Casa, onde passou por cirurgia. O quadro de saúde não foi informado pelo hospital. A academia onde ela trabalha também disse à reportagem que não está autorizada a falar sobre o assunto.
O caso chama atenção porque a profissional de educação física contrapõe o perfil de vítimas de ACV, doença que — conforme dados do Portal da Transparência do CRC (Centro de Registro Civil) —, de janeiro ao início de abril deste ano, matou 217 pessoas em Mato Grosso do Sul.
Fatores de risco
Em entrevista recente ao Midiamax, a neurologista e presidente da Rede Brasil AVC, Sheila Martins, informou que estudos desenvolvidos sobre a doença apontam que comorbidades como hipertensão, diabetes, colesterol elevado, fibrilação arterial, obesidade, depressão, estresse, além de hábitos como tabagismo, sedentarismo e alimentação inadequada elevam exponencialmente as chances de acontecer um derrame.
Além dos fatores de risco, existem casos de AVC relacionados à genética. Porém, um quadro — ainda não explicado — intriga os especialistas: o caso de AVC em pessoas jovens e saudáveis, como aconteceu com a professora de educação física.
Segundo a neurologista, um AVC relacionado ao fator de risco tem 90% de chance de ser evitado com tratamento adequado das comorbidades. No entanto, situações semelhantes ao caso da professora de educação física não podem ser prevenidas.
“Não é comum, mas pode acontecer e, infelizmente, esses são os casos que não conseguimos prevenir”, frisa.
Riscômetro do AVC
O Riscômetro de AVC é uma ferramenta para avaliar o risco de AVC individual e identificar os fatores de risco individuais.
“Essa é uma ferramenta muito importante, porque não há nenhum exame específico que a pessoa faça e que vá indicar se ela terá um AVC. O que existem são fatores de risco, e esse aplicativo analisa exatamente isso. No Riscômetro, a pessoa vai preencher suas informações pessoais e a plataforma vai avaliar quais são os fatores de risco, além de orientar como a pessoa pode melhorar os fatores que são modificáveis e reduzir as chances de um AVC”, explica.
O aplicativo é gratuito e está disponível para download no Apple Store e no Google Play.
Cada minuto conta
Estudos mostram que, quanto mais célere for a identificação de um AVC, mais rápida será a busca por atendimento e maiores as chances de recuperação. Conforme a especialista, a cada minuto de um AVC não tratado, 1,9 milhão de neurônios morrem.
No site da Sociedade Brasileira de AVC, é possível conferir a lista de hospitais brasileiros de referência em casos de AVC.
Em Campo Grande, os atendimentos ocorrem nos seguintes locais:
Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (público)
Endereço: Av. Sen. Filinto Müller, 355, Vila Ipiranga
Santa Casa de Campo Grande (público e privado)
Endereço: Rua Eduardo Santos Pereira, 88, Centro
Hospital da Cassems (privado)
Endereço: Avenida Mato Grosso, 5151
Proncor (privado)
Endereço: sem confirmação sobre a unidade
Hospital do Coração (privado)
Endereço: R. Mal. Rondon, 1703, Centro
Segundo informações do site da Sociedade Brasileira de AVC, Corumbá, Dourados, Ponta Porã e Três Lagoas também aparecem na lista de cidades que oferecem atendimento especializado. No entanto, não há informações sobre os locais. Confira a lista completa AQUI.
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