Prejuízo imediato: suspensão de carne aos EUA compromete estabilidade em MS, analisa Famasul
Frigoríficos de Mato Grosso do Sul decidiram interromper exportações após taxação de 50% aos produtos brasileiros

O presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Marcelo Bertoni, analisa riscos de prejuízos econômicos imediatos com a decisão dos frigoríficos em parar de enviar carne aos Estados Unidos após a taxação dos 50% sobre os produtos brasileiros.
A decisão foi anunciada na última terça-feira (15) e leva em consideração que os embarques enviados nesta semana chegariam ao país após 1º de agosto, quando inicia o tarifaço imposto por Donald Trump. O Governo do Estado apontou que pode ocorrer demora em encontrar outros destinos para escoar a produção. Uma das alternativas seria vender o produto no mercado interno, o que pode baratear o preço da proteína.
A Famasul vê com preocupação o entrave comercial, já que o país é um importante parceiro comercial para Mato Grosso do Sul.
“A suspensão dos embarques de carne bovina de Mato Grosso do Sul para os Estados Unidos é motivo de grande preocupação para o agronegócio, em razão da relevância do mercado norte-americano para a balança comercial do estado. Em 2024, os Estados Unidos foram o segundo maior destino das exportações sul-mato-grossenses, com a aquisição de 49,5 mil toneladas de carne bovina, totalizando US$ 235,4 milhões em receitas”, explica Bertoni.
No primeiro semestre de 2025, Mato Grosso do Sul enviou 31,04 mil toneladas de carne bovina ao país, o que representa US$ 152,9 milhões e cerca de 19% do total exportado de todos os produtos por Mato Grosso do Sul nesse período.
“A interrupção das vendas pode representar prejuízos econômicos imediatos, comprometendo a estabilidade e impactando nos preços do mercado da pecuária”, alerta.
Celulose
A Famasul aponta que a taxação do Donald Trump deve impactar vários outros setores, como a celulose. Foram 341 mil toneladas exportadas em 2024, o que representa US$ 213 milhões.
“O ‘tarifaço’ do Trump e seus desdobramentos vão impactar um conjunto amplo de cadeias produtivas relevantes para a economia de Mato Grosso do Sul. Dessa maneira, o setor produtivo pede uma articulação diplomática inteligente por parte do governo brasileiro, a fim de se reverter a situação grave que está posta”, deseja. (Presidente da Famasul, Marcelo Bertoni, pede diplomacia para tratar sobre o caso. (Divulgação)
Frigoríficos não pararam abates
Após o presidente norte-americano Donald Trump anunciar taxas de 50% sobre produtos brasileiros, frigoríficos sul-mato-grossenses habilitados para exportação suspenderam a produção de carne destinada aos Estados Unidos.
Conforme o vice-presidente do Sincadems (Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul), Alberto Sérgio Capucci, o pedido partiu dos próprios importadores americanos, que solicitaram a suspensão dos embarques devido às incertezas no comércio exterior.
“Ainda é muito incerto, por isso os compradores pediram para suspender os embarques. Qualquer mercadoria que embarcar hoje chegará após 1° de agosto. No entanto, é importante ressaltar que os frigoríficos não estão parados, nenhuma empresa parou o abate, apenas suspenderam a produção da carne exportada para os Estados Unidos. Vale considerar também que nem todos os frigoríficos são habilitados para exportar para os Estados Unidos, então, alguns nem são afetados nesse sentido”, pontua.
A decisão, portanto, implicará em algumas mudanças na rota. Segundo Capucci, cada empresa avaliará novas possibilidades e poderá redirecionar a produção para outros países.
“Cada grupo tem suas habilitações de exportação, então alguns poderão exportar para o Chile, a China e o Egito, por exemplo. Além disso, parte será direcionada ao mercado interno. Cada um vai avaliar como melhor destinar essa produção”, explica.
Com essa mudança, até que o redirecionamento seja realizado, haverá impacto no mercado, e o preço da carne vai abaixar.
“A produção leva 30 dias para chegar até os Estados Unidos depois que embarca. As regras não estão claras, os compradores não sabem se eles serão taxados quando o produto sair daqui ou chegar lá. Se eles tivessem a garantia de que a taxação ocorreria ao sair daqui, poderíamos mandar nestes dias que antecedem a taxação, mas, considerando que o produto sairá daqui e só chegará lá em agosto, eles não vão arriscar”.
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